ARTIGOS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM CO-AUTORIA COM O MESTRE JEAN
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COSMOPOLÍTICA DOS ORIXÁS
Encruzilhadas entre humanos, divindades e natureza
Na religiosidade afro-brasileira apresentada, as encruzilhadas, além de se tratarem de lugares sagrados regidos pelas ações e significados de Exu, onde eclodem interações sócio-cósmicas de diversas ordens, também retratam uma lógica de multiplicidade, que se penetram repletos de sentidos nas relações humanas, destacando uma ampla rede de política cósmica. Por meio de uma etnografia num terreiro de Umbanda, Quimbanda e Candomblé, alicerçados nas ferramentas teórico-metodológicas da Teoria Ator-Rede, analisamos as encruzilhadas conformadas pela rede de actantes nas inter-relações entre humanos, divindades e natureza, entendendo-as como operações cosmopolíticas, mapeando os actantes e descrevendo os saberes mobilizados em ações concretas. Os conhecimentos que circundam os conceitos e eventos mencionados e cartografados são complexos e ricos, permitem traduzir o cosmos em termos e sentidos que expressam fluxos e entrecruzamentos entre o mundo social, espiritual e da natureza, com diversidade de actantes, descentralizando os humanos do desenho cartográfico.
O FLUXO DA CURA NA COSMOPOLÍTICA AFRORELIGIOSA
Capítulo 02 do livro Antropología: Visión crítica de la realidad sociocultural
Este artigo tem por objetivo analisar
os actantes não humanos que se aliam aos
humanos nos terreiros afrorreligiosos para
promover a cosmopolítica da cura. Para os
religiosos afro-brasileiros, as noções de saúde,
enfermidade e cura perpassam dimensões
cosmológicas e biopsicossociais, conectadas de
modo indissociável em suas ontologias. Assim,
o tratamento de uma enfermidade extrapola os
limiares fisiológicos do corpo humano, onde são
acionadas potências cósmicas (orixás, eguns),
vegetais (sementes/favas, frutos, folhas, cascas,
raízes), animais (galos e galinhas), pontos-deforça
(encruzilhadas, matas, calungas, etc.),
por meio de ebós de limpeza, benzeduras,
rezas, banhos de descarrego, exorcismos, chás,
remédios, defumações, fundamentos, dentre
outros, que proporcionam o reestabelecimento da
saúde e do bem estar dos coletivos. Alicerçados
pela Teoria Ator-Rede e perspectiva decolonial, foi
realizada uma etnografia no terreiro de umbanda,
quimbanda e candomblé (nação nagô) Abaça de
Oxalá em Pato Branco-PR, onde os não humanos
foram mapeados em suas cosmopolíticas de
cura aos infortúnios que acometem os humanos
em enfermidades e caminhos fechados