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Maria Padilha

  • Foto do escritor: encruzilhadadoaxe
    encruzilhadadoaxe
  • 21 de abr. de 2022
  • 2 min de leitura

Maria Padilha, a mais famigerada Pomba-Gira das diversas religiões afro-brasileiras (catimbós juremeiros, macumbas, umbandas, quimbandas, linhas cruzadas, etc.) tem origem ibérica, trazida pelas bruxas e bruxos que fugiam para o Brasil da inquisição católica em Portugal. Por exemplo, existem registros históricos de sua presença em Pernambuco no séc. XVIII, pelos conjuros da feiticeira portuguesa Antônia Maria, que havia sido presa pelo Santo Ofício em Portugal, foi exilada em Angola e (não se sabe como) veio para o Brasil, continuando a proliferação da obra feiticeira.

A presença de Maria Padilha carrega também a resistência da bruxaria camponesa-européia no contexto da transição da idade média para a modernidade, durante o massacre às mulheres, camponesas e praticantes da magia e dos saberes herbais pela política cristã na Europa. Neste tempo de guerra declarada à bruxaria, essa sobreviveu na marginalidade sob nomes de potências infernais que transgrediam as normativas (cosmo)políticas daquele tempo (mas que continuava a força de uma ancestralidade muito mais antiga a esses nomes). A substância de Maria Padilha contém esse contexto, e antes de compor as legiões afro-espíritas, essa entidade emerge em orações e feitiçarias diversas (inclusive do livro de São Cipriano), apresentada como a mulher do Diabo e chefe de uma quadrilha espiritual.

A herança da magia ibérica, que (no meu entender) é representada principalmente por Maria Padilha, é um dos pilares da quimbanda no Brasil, ao lado dos legados africanos e ameríndios.

Salve Maria Padilha e toda a sua quadrilha!

Referências: "Caminhos do imaginário no Brasil: Maria Padilha e toda a sua quadrilha" (Marlyse Meyer).

"O calibã e a bruxa" (Silvia Frederici).


Mestre Jean





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