Obaluaiê: o Rei dos espíritos da Terra
- encruzilhadadoaxe
- 21 de abr. de 2022
- 2 min de leitura
O nome Obaluaiê é composto de Obá + alu + aiyé, que significa rei dos espíritos do aiê. O aiê na cosmologia iorubá é o plano material. Nessa entidade se encontra o espírito e a matéria. Obaluaiê é a própria encruzilhada entre a vida e a morte, e assim, é senhor soberano do campo santo, que é a calunga (cemitério). Ele é a "imagem coletiva dos espíritos ancestrais", representados pelos abundantes búzios que contém suas imagens e assentamentos. A mitologia nagô apresenta que ele é filho de Nanã Buruque e Obatalá, e foi rejeitado e abandonado pela mãe em razão das chagas em sua pele, e posteriormente, foi adotado por Yemanjá. É associado às doenças de pele, epidemias e também às curas das doenças. Um dos seus títulos nos terreiros afro-brasileiros é de "médico dos pobres". Interessante que a potência da sua força curativa está nas próprias chagas de sua pele, que podem ser entendidas como aberturas que conduzem a força da cura e da doença. Para transmitir a cura é necessário ter conhecido os terrores da doença. Gostaria de ressaltar a mediação entre os mundos a partir da pele. No aiê, a pele é um vórtice (uma porteira/encruzilhada) que conecta com o mundo espiritual, e também reflete a saúde emocional e do corpo como um todo (um dermatologista poderia falar com maiores detalhes essa questão), onde a existência humana se expressa na matéria, e se relaciona com o outro e experimenta os sentidos do mundo, as dores e os prazeres. Nas iniciações, limpezas, banhos de ervas, em quase todas as ações litúrgicas afro-religiosas, os elementos são trespassados na pele. Nesse contato energias de carga são retiradas, e são transmitidas forças espirituais virtuosas para a pessoa. A pele media quase todas as relações e fundamentos entre o espírito e o corpo. Pela representação de Obaluaiê podemos sintetizar essa relação, e suas palhas protegem esse mistério. A pipoca (doboru) é sua principal oferenda, e por meio delas ele limpa a matéria. Para saber mais sobre os orixás, entidades, trabalhos de cura e limpeza, entre em contato que será um prazer prestar esclarecimentos. Atotô! Mestre Jean Referências: Monique Augras. O duplo e a metamorfose. 1983. Pedro Ratis e Silva. Exu/Obaluaiê e o arquétipo do médico ferido na transferência. 2004. Juana Elbein dos Santos. Os nagô e a morte. 2017 #obaluae #candomble #axe #umbanda #orum #aiye #espiritualidade #saude #atotô
Comments