Yemanjá: a mãe de todo o cosmos

Yemanjá é uma orixá que expressa o princípio maternal que gera todas as coisas e seres dos mundos físicos e espirituais. Yemanjá (Ye+omo+eja) significa “mãe dos peixes-filhos”. Uma de suas saudações é Odoyá (Odò Ìyá) que significa “Mãe do rio”. Na cosmologia iorubá ela é filha do orixá Olokun, que é uma divindade do mar.

Ela é considerada por muitos como regente do ano de 2022. Eu entendo como válido instituir um ou mais orixás regentes de um período, pois além de orientar certos sentidos e energias para trabalharmos a espiritualidade no terreiro, também é uma validação coletiva do povo de santo.

Existe um itan que descreve que no Orun (mundo espiritual) ela gerou do seu ventre todas as estrelas, as nuvens e os orixás (Xangô, Oiá, Ogum, Ossaim, Obaluaê e Ibejis).

É dona do pensamento, mãe das estrelas, rainha do mar, do rio Yemoja (em Egba) e rio Ogun (na atual Nigéria), está em todas as águas, em todas as mães, na feminilidade, na doçura, na terra fértil, nas sementes germinando, nas cabeças dos seus filhos, assentamentos e toda a vida.

Yemanjá é uma orixá cuja devoção e carinho das pessoas extrapola as fronteiras dos terreiros, e recebe homenagens de milhares de pessoas de outras religiões.

O princípio que ela representa (de mãe geradora do cosmos) pode ser articulado por outras entidades afro-religiosas, como Oxum, Nanã Buruque e as Yami Oxorongá, mas com outras peculiaridades, sentidos, compreensões e cultos - pois as entidades não são estanques e podem trocar propriedades entre si, apesar de serem distintos. Esse princípio da existência também é compartilhado por divindades de outros panteões, como Virgem Maria do cristianismo, Ísis egípcia, Nuit thelemica, Astarte fenícia, Yebá Bëló dos indígenas dessana, entre outras.

Na força da divina Mãe Yemanjá firmamos o pensamento para começar o ano.

Mestre Jean

Dirigente espiritual do Encruzilhada do Axé

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